Iniciadas oficialmente hoje, 23 de julho, as Olimpíadas de Tóquio já são um marco histórico. Após 125 anos dos jogos, finalmente as mulheres estão competindo quase na mesma proporção que os homens. Para a competição deste ano, as mulheres representam 49% do total de atletas. Outro ponto histórico é a participação da primeira mulher transgênero na competição.
As Paralimpíadas, competição para pessoas com deficiência, também terá o recorde de participação feminina: mais de 40% dos competidores. Já a delegação brasileira participa com 140 atletas mulheres, do total de 302 competidores.
Nos órgãos de gestão a presença feminina também está se expandindo. A comissão olímpica formada em Tóquio é composta por 42% de mulheres. Já o COI (Comitê Olímpico Internacional) é composto por 37,5% de mulheres.
Mulheres no esporte
A primeira competição da era Moderna aconteceu em 1896, na Grécia, e mulheres foram sumariamente proibidas de participar. Para os organizadores da época, seria impraticável uma competição esportiva com a participação feminina.
Quatro anos depois, em 1900, foram abertas exceções para 22 mulheres em 5 modalidades. Este número representava pouco mais de 2% do total de competidores. Ainda, só foram permitidas em esportes que “não afetassem sua feminilidade”, como golfe e hipismo.
Ao longo das décadas seguintes, movimentos de mulheres surgiram para levantar este debate, chegando à criação de uma Olimpíada Feminina, em 1921. Em 1979, um tratado criado pela Assembleia Geral da ONU e assinado por 188 países pelo direito das mulheres, pedia a garantia das mesmas oportunidades para participar ativamente nos esportes e na educação física.
Dois anos depois, as mulheres passam a fazer parte do Comitê Olímpico Internacional. Mas só em 2017, a Carta Olímpica, espécie de estatuto dos atletas, assumiu a missão de encorajar e apoiar a promoção das mulheres no esporte em todos os níveis e estruturas com vista à aplicação do princípio da igualdade entre homens e mulheres.
O debate além da participação feminina
Em muitas modalidades é possível observar a discrepância nos uniformes dos atletas. Homens frequentemente usam shorts e camisetas, como é o caso do vôlei ou futebol. Já as mulheres, no futebol usam uniformes similares. Já no vôlei, é comum ver que as atletas estão usando biquínis.
Um movimento iniciado por atletas alemãs chamado #ItsMyChoice (é a minha escolha, em português) traz o debate a respeito do sexismo na escolha dos uniformes de atletas de mesma categoria mas gêneros diferentes.
As ginastas da Alemanha apresentaram-se para o primeiro treino em Tóquio com calças, ao invés do tradicional collant. Para o time alemão, cada atleta pode decidir com qual uniforme irá se apresentar.
Fora das arenas olímpicas, um debate similar aconteceu em um campeonato de handebol na Noruega. As jogadoras decidiram jogar com uniformes similares aos masculinos (shorts e camiseta) ao invés de um biquíni. A Federação Europeia de Handebol aplicou uma multa a cada jogadora que não usou o traje estipulado. Mas a Federação Norueguesa de Handebol assumiu a responsabilidade, uma vez que julgam importante que as jogadoras utilizem uniformes que as deixem confortáveis.